domingo, julho 12, 2009

Papel de embrulhar peixe

Diariamente lemos ou ouvimos previsões acerca do futuro do jornalismo impresso. Com o surgimento da internet, com o nascimento de blogs e sites independentes, a crítica acentuada sobre a liberdade de imprensa, ou mais precisamente, a quem os jornais servem, quem são seus aliados, se os interesses corporativos, políticos, ou o compromisso com a verdade factual, e o que o porvir reserva aos jornais, têm se intensificado. O certo é que análises abundam. Algumas se valendo do mesmo expediente de manipulação da opinião pública. Analistas comprometidos com o modelo de jornalismo dominante fazem previsões em que insidiosamente criam exercícios de “futurologia” engendrados por interesses dominantes. Alguns jornais já mudaram seu formato. Adaptaram-se ao gosto popular com textos curtos, muita imagem e os mesmos interesses massificados colocados em destaque. As primeiras e últimas páginas sempre trazem matérias sensacionalistas e de interesse popular, como o futebol e assuntos diretamente ligados ao mundo do crime, e farto material em que a criminalização da pobreza é matéria predominante. Estes estão apenas se beneficiando de um formato que já é o modelo digitalizado, e logo será renegado na forma impressa.

Inclusão digital

Com a popularização do jornalismo digital, fruto da inclusão , a tendência é que os jornais impressos sejam obrigados a mudarem o conteúdo, uma vez que sobreviverá o interesse mais elaborado pelo leitor acostumado ao livro, à analise mais crítica, mesmo que algumas não toquem em preconceitos, dando ao leitor conservador a ilusão de que está se informando. Vemos que, sem nenhuma necessidade de exercícios futurólogos, os lares irão dispor de computadores como hoje dispõem de televisores, aí estará o modelo de jornal impresso que hoje é vendido em bancas, com uma vantagem adcional, a interatividade. Portanto, democratizado o acesso, os jornais terão que se reciclar, aí, então, desaparecerá o jornal que hoje só serve para embrulhar peixe no dia seguinte.

terça-feira, julho 07, 2009

Resistência ao golpe em Honduras


Calados pela censura, hondurenhos usam internet para fazer oposição ao golpe
TEGUCIGALPA, Honduras (AFP) — Com vídeos e imagens feitas com telefones celulares, jovens hondurenhos contrários ao golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya criaram na internet o'tele-golpe', para divulgar as marchas e protestos que a televisão de seu país, submetida ao controle estatal, não pode transmitir.
"Nós os chamamos de 'tele-golpe', porque nos canais nacionais não é possível ver a realidade do que está acontecendo. Claro, se chegarem a cortar (o serviço) a banda larga na internet estamos mortos", explicou César Silva, estudante de engenharia.
Segundo Silva, 26 vídeos já foram disponibilizados no YouTube até agora, mostrando as marchas e declarações dos dirigentes que se opõem à queda de Zelaya, expulso do país no dia 28 de junho pelos militares.
"Sem dúvida, de todos os 26, o maior sucesso e o que mais procuram é o chamado 'Não está acontecendo nada em Honduras'", disse o estudante. O vídeo está disponível no link http://www.youtube.com/watch?v=OCzkJf2vVnU, mas Silva diz que a filmagem também foi "colocada em servidores da internet para evitar que seja cortada".
Nos primeiros dias depois do golpe, os militares cortaram várias rádios populares como a Rádio Progresso e a Rádio Globo, e os canais nacionais de TV precisam dar espaço várias vezes por dia a uma cadeia nacional, que transmite a informação oficial.
Além disso, os serviços de TV a cabo não possuem o canal Telesur - que transmite da Venezuela -, e até a rede americana CNN foi cortada nas primeiras horas após o golpe.
No sábado, quando boa parte da população assistia à partida de futebol entre Honduras e Haiti pela Copa Ouro, nos Estados Unidos, os canais foram obrigados a interromper a transmissão para divulgar uma mensagem de sacerdotes da Igreja católica nacional afirmando que o que aconteceu no país não deve ser classificado como um golpe de Estado.
A iniciativa de divulgar as imagens na internet surgiu de um grupo de estudantes de diferentes cursos das universidades de Tegucigalpa. "Estávamos fartos de ver que pela televisão só trasmitem a voz daqueles que apóiam o golpe", disse Adriana Alvarado, estudante de jornalismo.
"Estamos divulgando o endereço do site no boca-a-boca e com panfletos, que distribuímos nas manifestações, e ainda que em Honduras a maioria da população não tenha acesso à internet, estamos fazendo isso para que o mundo veja", destacou.

domingo, julho 05, 2009

Golpe de Estado em Honduras- No pasarán

Desde domingo, 28-05, quando os militares hondurenhos promoveram uma quartelada, fruto da inspiração da direita daquele país, que a minha indignação vem sendo contida por minha ciscunspecção diante do fato. Hoje não deu mais pra segurar. Ela explodiu e eu tenho que falar. Mais uma vez as forças dominantes e reacionárias ressurgem no continente tentado barrar o avanço de um governo popular, aliado das forças progressistas e nacionalistas que hoje dominam o cenário latino americano. Zelaya foi deposto por um golpe de Estado, sequestrado, posto em um avião e mandado para a Costa Rica. Tudo isso aconteceu por conta da iminência da vitória no plebiscito que seria realizado para aprovar mudanças constitucionais, que dariam direito ao presidente disputar outra eleição, levando as classes dominantes do pequeno país da América Central ao desespero que motivou o ato arbitrário. Felizmente, os tempos são outros. Difíceis de serem entendidos por quem sempre teve as forças armadas como fulcro para mudar o rumo político a seu bel-prazer . A Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou o golpe, assim como todos os países do continente. Os golpistas estão isolados, e certamente terão que recuar. Não existe mais clima político para os gorilas que na época da guerra fria rasgavam constituições. Como disse no início do texto, cirscunspecto, fiquei a observar a postura da imprensa brasileira no caso. Mais uma vez foi completamente parcial, deixando de lado o bom senso e ideologizando a questão. Teve jornal na Bahia que esperou pra ver que posição os Estados Unidos da América iam tomar, para então escrever o editorial condenando o golpe, ainda assim criando um paralelo com a tentativa do golpe articulado em 1992 na Venezuela, quando militares nacionalista, liderados pelo então tenente-coronel Hugo Chávez, tentaram derrubar o corrupto governo de Carlos Andrés Pérez. Não bastasse a impropriedade do exemplo, as motivações nos dois casos foram completamente díspares. Agora é manifestar toda a solidariedade aos irmãos hondurenhos para que a ordem constitucional volte a dominar no país.

Recortes do 2 de Julho










"Nunca mais, nunca mais o despotismo
Regerá nossa ações

Com tiranos não combinam
brasileiros, brasileiros corações"