terça-feira, outubro 20, 2009

A Abertura do Mar Vermelho



Foto:Ricardo Stuckert
A mídia brasileira já mostra sinais de que não tem apenas vocação golpista, também demonstra sinais de que está desesperada. Creio que seja o crescimento da popularidade do presidente Lula, associada ao crescente número de blogs e sites de jornalistas comprometidos com a verdade factual, e a iminente derrota nas eleições de 2010, que tem acirrado os ânimos caluniadores e preconceituosos contra Lula. Recentemente, durante as visitas às obras de transposição do Rio São Francisco, percebemos que este caráter (não tem nada a ver com ética,coisa que a mídia despreza) jocoso e de falsa denúncia aflorou com mais força. Quiseram transformar a visita da comitiva governante às obras do "Velho Chico" em campanha política e esqueçaram que, além do prazer de ver o sertão próximo de virar mar, (farto de água, faustoso pra quem sempre sofreu por falta dela), o nordestino Lula e companheiros foram in loco comprovar que é tangível o sonho profetizado. A foto que mostra o presidente Lula caminhando por um canal largo me remeteu à figura de Moisés na lenda bíblica que narra a abertura do Mar Vermelho, transformando, assim, uma criação do inconsciente coletivo (a chegada à terra prometida) em realidade. Sei que é difícil para a oposição, alinhada à midia oligárquica , suportar o crescimento da economia do país, a inclusão social, o respeito que o país ganhou na comunidade internacional, além da auto-estima do povo, esse mito da burguesia, como dizia Glauber Rocha. Esse mito que ganhou corpo e hoje festeja a fertilidade que rega o presente, alimentando o futuro. Com o presidente Lula deixamos de ser o país do futuro e passamos a viver o presente, certos que o mundo mudou e o Brasil também. Tem gente que não gosta disso,mas pouco importa. O povo se reconhece no presidente que tem.

José Saramago e as religiões


Foto:AP
O escritor português e Nobel de literatura acaba de lançar seu mais novo livro, cujo título é "Caim". O ateu Saramago tem, nessa sua mais recente obra, a Bíblia e suas histórias como fonte de inspiração, manancial que ele já tinha percorrido desde "O Evangelho Segundo Jesus Cristo". Com "Caim", o Nobel de literatura continua dessacralizando o livro sagrado, e causa ira nos religiosos. A Igreja Católica já se pronunciou chamando de "jogada publicitária" o livro. Como se Saramago precisasse disso. Há pouco tempo a Igreja Católica teria pedido a proibição do livro do escritor, hoje ela já compreendeu que fazer isso é açodar a curiosidade dos leitores, o que só ajudaria a divulgar a obra. Os tempos também são outros, ela sabe muito bem disso. Os tempos autoritários já se distanciam. Engraçado que eu sempre considerei a Bíblia um livro de auto-ajuda, por isso ela não consta no rol das minhas leituras, mas agora Saramago me abriu mais ainda a cabeça, me mostrando que é um livro de auto-mau-ajuda. Vou correndo comprar "Caim".

sábado, outubro 17, 2009

O Glorioso e legítimo MST

O Turbina de Ideias existe há tres anos. Durante todo esse tempo tenho evitado postar textos escritos por outras pessoas. Até hoje só um escrito, não por mim produzido tinha sido publicado, hoje somam dois. O texto que copiei e que aqui hoje reproduzo foi originariamente publicado no Jornal do Brasil, de autoria de Mauro Santayana, um dos poucos jornalistas que merecem respeito neste país, é de uma lucidez e isenção que nao pude resistir.Por tratar da criminalização do MST por parte da grande imprensa, (uma das coisas que mais me tira do sério neste país), fiz questão de reproduzi-lo. Aqui está ele pra reflexão


A CPI do MST E AS TERRAS ROUBADAS


Por Mauro Santayana

A terra é o mais grave problema de nossa história social, desde que os reis de Portugal retalharam a geografia do país, com a concessão de sesmarias aos fidalgos. Os pobres não tiveram acesso pleno e legal à terra, a não ser nos 28 anos entre a independência – quando foi abolido o regime das sesmarias – e 1850, quando os grandes proprietários impuseram a Lei de Terras, pela qual as glebas devolutas só podiam ser adquiridas do Estado a dinheiro.

A legislação atual vem sendo sabotada desde que foi aprovado o Estatuto da Terra. É fácil condenar a violência cometida, em episódios isolados, e alguns muito suspeitos, pelos militantes do MST. Difícil tem sido a punição dos que matam seus pequenos líderes e os que os defendem. Nos últimos anos, segundo o MST, mais de 1.600 trabalhadores rurais foram assassinados e apenas 80 mandantes e executores chegaram aos tribunais. Em lugar de uma CPI para investigar as atividades daquele movimento, seria melhor para a sociedade nacional que se discutisse, a fundo, a questão agrária no Brasil.

O Censo de 2006, citado pelo MST, revela que 15 mil proprietários detêm 98 milhões de hectares, e 1% deles controla 46% das terras cultiváveis. Muitas dessas glebas foram griladas. Temos um caso atualíssimo, o do Pontal do Paranapanema, onde terras da União estão ocupadas ilegalmente por uma das maiores empresas cultivadoras de cítricos do Brasil. O Incra está em luta, na Justiça, a fim de recuperar a sua posse. O que ocorre ali, ocorre em todo o país, com a cumplicidade, remunerada pelo suborno, de tabeliães e de políticos.

Cinco séculos antes de Cristo, os legisladores já se preocupavam com a questão social e sua relação com a posse da terra. É conhecida a reforma empreendida por Sólon, o grande legislador, na Grécia, que, com firmeza, mandou quebrar os horoi, ou marcas delimitadoras das glebas dos oligarcas. Mais ou menos na mesma época, em 486, a.C., Spurio Cássio, um nobre romano, fez aprovar sua lei agrária, que mandava medir as glebas de domínio público e separar parte para o Tesouro do Estado e parte para ser distribuída aos pobres. Imediatamente os nobres se sublevaram como um só homem, e até mesmo os plebeus enriquecidos (ou seja a alienada classe média daquele tempo) a eles se somaram. Spurio Cássio, como conta Theodor Mommsen em sua História de Roma, foi levado à morte. “A sua lei foi sepultada com ele, mas o seu espectro, a partir de então, arrostava incessantemente a memória dos ricos, e, sem descanso, surgia contra eles, até que, pela continuada luta, a República se desfez” – conclui Mommsen. E com razão: a última e mais completa lei agrária romana foi a dos irmãos Graco, Tibério e Caio, ambos mortos pelos aristocratas descontentes com sua ação em favor dos pobres. Assim, a República se foi dissolvendo nas guerras sociais, até que Augusto a liquidou, ao se fazer imperador, e seus sucessores conduziram a decadência da grande experiência histórica.

Não há democracia sem que haja reforma agrária. A posse familiar da terra – e da casa, na situação urbana – é o primeiro ato de cidadania, ou seja, de soberania. Essa posse vincula o homem e sua família à terra, à natureza e à vida. Sem lar, sem uma parcela de terra na qual seja relativamente senhor, o homem é desgarrado, nômade sem lugar nas sociedades sedentárias.

É impossível ao MST estabelecer critérios rígidos de ação, tendo em vista a diversidade regional e a situação de luta, caso a caso. Outro ponto fraco é a natural permeabilidade aos agentes provocadores e infiltrados da repressão particular, ou da polícia submetida ao poder econômico local. No caso do Pontal do Paranapanema são muitas as suspeitas de que tenham agido provocadores. É improvável que os invasores tenham chamado a imprensa a fim de documentar a derrubada das laranjeiras – sabendo-se que isso colocaria a opinião pública contra o movimento. Repete-se, de certa forma, o que houve, há meses, no Pará, em uma propriedade do banqueiro Daniel Dantas.

É necessária a criação de força-tarefa, composta de membros do Ministério Público e agentes da Polícia Federal que promova, em todo o país, devassa nos cartórios e anule escrituras fraudulentas. No Maranhão, quiseram vender à Vale do Rio Doce (então estatal), extensas glebas. A escritura estava registrada em 1890, em livro redigido e assinado com caneta esferográfica – inventada depois de 1940.


Publicado no Jornal do Brasil de 14/10/2009.

domingo, outubro 04, 2009

A voz da América Latina


Foto:AFP
A cantora Mercedes Sosa, argentina de nascimento,mas planetária no sentimento libertário, morreu. Mercedes cantava os anseios de liberdade que fôra amputada pelos golpes militares, que aconteciam em sequência, mas que ardia em vários peitos que acalentavam os sentimentos de libertad. Tive o prazer de ver por diversas vezes aquela mulher de traços índigenas com o seu tambor no palco do Teatro Castro Alves gritando as mais belas canções que enalteciam os mais nobres valores humanos.Vai deixar saudades, sentiremos falta da sua presença física, embora sua voz nunca morrerá. Augusto Pinochet, Garrastazu Médice, Ernesto Geisel, Golbery do Couto e Silva, Alfredo Strossner, entre outros ditadores, estão todos mortos, e ninguém sente falta, exceto algumas vivandeiras de quartel e as classes dominantes. No entanto, Mercedes Sosa estará sempre presente, ecoandoo o rufar dos tambores e sua voz densa em nossos corações.Ouçam Gracias a la vida com a Voz da América Latina.

sexta-feira, outubro 02, 2009

Olimpíadas 2016-Lula é medalha de ouro!


O Rio de Janeiro continua lindo, o Rio de Janeiro continua sendo... Pois é, o apedeuta, como os invejosos chamam o nosso ex-operário e atual presidente, conseguiu mais uma vitória: trouxe as olímpiadas de 2016 para a cidade mais linda do mundo. Pela primeira vez uma olípiada será realizada em um país sul-americano, exatamente quando a América do Sul entra definitivamente no rol das regiões independentes, em parte graças a liderança do presidente mais popular do planeta. Tem gente querendo se matar. Tem gente, especialmente os paulistas que se consideram elite, desesperada com a estrela do PT,ops, do Lula. Depois de ter dado abrigo a um presidente deposto por um golpe de Estado e o mundo todo aplaudir, menos a imprensa golpista brasileira, Lula brilha de novo.Qual será a próxima conquista de Lula? Ganha uma passagem pro Rio de Janeiro quem acertar. Coitada da Globo.Ela que fica o tempo todo querendo mostrar que o Rio de Janeiro só tem bandido. Agora vai ter que engolir esta.