sexta-feira, setembro 26, 2008

No caminho com Maiakóvski


Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

A autoria deste poema é erradamente atribuida à Maiakóvski, mas foi feito pelo poeta Eduardo Alves da Costa. A foto é de minha autoria, foi feita no Centro Histórico de Salvador: menor em situação de risco dormindo na porta de uma igreja.

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