terça-feira, outubro 20, 2009

José Saramago e as religiões


Foto:AP
O escritor português e Nobel de literatura acaba de lançar seu mais novo livro, cujo título é "Caim". O ateu Saramago tem, nessa sua mais recente obra, a Bíblia e suas histórias como fonte de inspiração, manancial que ele já tinha percorrido desde "O Evangelho Segundo Jesus Cristo". Com "Caim", o Nobel de literatura continua dessacralizando o livro sagrado, e causa ira nos religiosos. A Igreja Católica já se pronunciou chamando de "jogada publicitária" o livro. Como se Saramago precisasse disso. Há pouco tempo a Igreja Católica teria pedido a proibição do livro do escritor, hoje ela já compreendeu que fazer isso é açodar a curiosidade dos leitores, o que só ajudaria a divulgar a obra. Os tempos também são outros, ela sabe muito bem disso. Os tempos autoritários já se distanciam. Engraçado que eu sempre considerei a Bíblia um livro de auto-ajuda, por isso ela não consta no rol das minhas leituras, mas agora Saramago me abriu mais ainda a cabeça, me mostrando que é um livro de auto-mau-ajuda. Vou correndo comprar "Caim".

3 comentários:

Andreia Santana disse...

Também quero muito ler Caim, primeiro por ser Saramago e segundo porque desmistifica a religião, o que em tempos de fundamentalismo acirrado no mundo, é um bem e tanto para a humanidade. Nunca li auto-ajuda, mas concordo com o autor de um livro que estou lendo atualmente, Antony Giddens: "o fato desse mercado editorial (a auto-ajuda) crescer tanto nos últimos anos é sintomático"

turbina de ideias disse...

Eu acho, Andreia, que o crescimento desse mercado é sintoma de preguiça mental. Pode até ser sintomas de outras "doenças", mas, com certeza, a desídia com o pensamento é uma delas. Isso é tão pernicioso quanto os fundamentalismos. A preguiça de ler, observar, comparar e elucidar o mundo em que vivemos exige esforço. Poucas pessoas se deleitam com isso. Beijos

Andreia Santana disse...

é isso, giddens fala tanto da questão da cultura pasteurizada e de fácil digestão, quanto dos conflitos de auto-identidade gerados pelos nossos tempos pós modernos, a perda de referencial (talvez como você diz, fruto da preguiça mental em avaliar e criticar, em ler a sociedade) que leva a uma perda de si mesmo e a uma busca desenfreada por um sentido de existência. Sendo que os livros de auto-ajuda trazem uma promessa de "sentido para a vida" igualmente descartável, pasteurizada e de consumo fácil. Antigamente buscava-se essa compreensão na filosofia, agora compra-se nas prateleiras de auto-ajuda. Beijos!